MULHERES ESTÉREIS DA BÍBLIA
Eduardo Feldberg - 16 a 21/09/2009



Há algum tempo, conversando com um conhecido meu, ouvi seu testemunho sobre o milagre vivenciado por ele e sua esposa. Ela, estéril, orou e clamou ao Senhor, pedindo-Lhe a gravidez, e Deus efetuou um milagre naquele casal, fazendo-os gerar uma linda criança.

Após aquela conversa, fiquei pensando nos exemplos como este, narrados na Bíblia, e tive curiosidade de saber quem foram as mulheres que enfrentaram esta mesma luta e saíram vitoriosas, pela força do Senhor.



INTRODUÇÃO


Desde o “pecado original”, o ser humano está sujeito às doenças e enfermidades que atacam não somente o físico, mas também a alma, além dos problemas espirituais. Dentre estas consequências físicas do ingresso do pecado no mundo está a esterilidade.

A esterilidade se resume numa incapacidade de um homem ou uma mulher gerar filhos, devido às limitações no sistema reprodutor. Tanto o homem quanto a mulher estão sujeitos a esta incapacidade, que pode ser permanente (esterilidade) ou temporária (infertilidade).

Imagino quão difícil deve ser esta situação, afinal, o sonho da grande maioria dos casais é constituir uma família com filhos, e manter uma linhagem de sangue que perdure por gerações e gerações.

A primeira ambição, de simplesmente ter filhos para constituir uma linda família, é algo mais visado nos nossos tempos, pois há muitos séculos, a visão era outra. Os homens de um passado bem distante olhavam para a reprodução com outros olhos. Provavelmente a mulher não, mas o homem sim. Eles ambicionavam ter uma descendência numerosa. Uma árvore genealógica infindável, que perfizesse uma grande linhagem. Você se lembra da promessa de Deus a Abraão, por exemplo? Sua descendência seria numerosa como as estrelas. Deus disse isso, pois conhecia o desejo do homem em formar uma grande família. E os olhos de Abraão devem ter brilhado como as estrelas, quando ouviu essa promessa.



Mas porque os homens ambicionavam tanto esta conquista?



Dentre os fatores, considero os seguintes:


Há milhares de anos atrás, como em qualquer período da história mundial, havia muitas guerras, e as sociedades, em especial as tribais, que quisessem sobreviver precisavam ser numerosas, e nessa contagem, apenas os homens tinham valor, pois eram eles quem representavam o trabalho majoritário na lavoura, na caça, pesca e na criação do gado, e o mais importante, no exército. Desta forma, um povo pequeno, com taxa de natalidade baixa seria uma presa fácil para povos genocidas, e bons candidatos ao extermínio!

Sendo assim, precisavam ter muitos filhos para a sociedade crescer, ter trabalhadores que aumentem a produção do povo, e que sejam valentes, para defender suas terras.

Além disso, podemos levar em conta a questão da visão da Vida Eterna. Hoje em dia, nós, cristãos, temos uma visão clara acerca da Vida Eterna, e sabemos que após esta vida, reinaremos em glória com Cristo Jesus. Porém, há milhares de anos atrás as pessoas não tinham essa clareza, nem um conceito muito bem formado e inteligível a respeito deste assunto, portanto, acreditavam que a vida se acabaria na morte física e pronto.
Com essa mentalidade, os homens daquela época, que ambicionavam a glória, a grandeza, e a perpetuidade de seus nomes, não podiam aceitar a idéia de morrer sem deixar herdeiros nominais, ou seja, filhos que levassem seus nomes adiante, afinal, a vivência na terra era o que eles tinham, portanto, ambicionavam um nome terreno longevo.

Sendo assim, os “homens da casa” eram valorizados pela sociedade quando tinham filhos, mas principalmente filhos homens. Por este e outros motivos vemos a dureza e obstinação no coração do homem desde aquela época, quando passaram a se valer da bigamia, poligamia e concubinato para serem bem vistos na sociedade, pois com várias mulheres, mais chance de ter muitos filhos homens, e ser uma peça importante na sociedade.

Nestas condições, a supervalorização dos homens gerou muito machismo, tornando assim a função da mulher inferior a do homem. Mulher servia para procriar! Era uma função única, importantíssima, e aquelas que não a cumprisse seriam totalmente desprezíveis e descartáveis.

Muitas vezes a esposa principal do homem da casa inclusive sugeria que ele se deitasse com outra mulher, afim de não perder a posição de esposa por “livre e espontânea pressão”, e todos os demais direitos que uma esposa possuía.
Sabemos que a mulher já não era muito bem quista e valorizada pela grande maioria das sociedades do passado, por diversos fatores, quanto mais uma mulher estéril, que não fosse capaz de vingar a tarefa mais necessária a ela estabelecida: procriar. E esse peso caia sobremodo sobre elas, que deveriam a qualquer custo gerar herdeiros, deixando assim a linhagem do marido cravada por mais uma geração, e assim sucessivamente.

Por isso, vemos em alguns casos o desespero de mulheres implorando ao Senhor que lhes abrisse a madre, para não se sentirem um completo fracasso, inúteis e marginalizadas pela sociedade de então, que reputava como malditas as mulheres estéreis. Casos como o de Raquel (Gn 30.1) e de Ana (1 Sm 1.10), que desesperadamente ansiavam pela gravidez, nos mostram quão importante e desejável era a concepção. Se hoje em dia já é, imagine naqueles tempos, em que para muitos, a única finalidade do sexo feminino era a procriação!

Porém, como Deus é um Deus sobrenatural, que opera maravilhas em favor daqueles que n’Ele esperam, encontramos na Palavra algumas promessas para essas mulheres do passado, que enfrentaram esta luta, e que se estendem às mulheres do presente, como.


[o Senhor] Faz que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos. Aleluia! Sl 113.9




OS CASOS

Confirmando esta promessa, resumirei abaixo a experiência das seis mulheres constantes na Palavra do Senhor que servem de testemunho da grandeza do Senhor.


1) SARA


O primeiro caso registrado nas Escrituras é o de Sara, esposa do patriarca Abraão. Sua história é narrada em Gênesis 16.

Quando Abraão e Sara já formavam um casal de velhinhos, com 75 e 65 anos respectivamente, Sara queria muito engravidar, porém, era estéril. Ainda assim, Deus lhes prometeu um filho. Mas o tempo passava e nada acontecia. No afã de resolver o problema do marido, Sara sugeriu que Abraão tivesse relações com sua serva, Hagar, gerando assim um descendente para ele. Abraão aceitou a idéia e teve um filho com Hagar, o qual deu o nome de Ismael (provável pai de todos os árabes). Após a gravidez de Hagar, esta começou a provocar e irritar Sara, que não conseguia ter filhos. Sara se irritou tanto que começou a perseguir a serva, que ainda grávida fugiu de casa. Nesta fuga, o Anjo do Senhor aparece à serva e lhe orienta a voltar à casa de Abraão. Ali nasceu o menino Ismael. Após isto, alguns anjos do Senhor vieram ao casal para lembrar-lhes da promessa do Senhor, que continuava de pé. Deus promete a Abraão um filho legítimo, de sua própria esposa. A cada dia que se passava, a situação ficava mais improvável, humana e biologicamente falando.

Porém, mesmo após uma longa espera de 25 anos, Deus cumpriu Sua promessa, e deu a Abraão um filho chamado Isaque, por meio da estéril Sara. Ele com 100 anos e ela com 90!

Vimos neste caso que o milagre foi ainda maior. Deus fez questão de mostrar sua soberania e poder, ao permitir que uma mulher não apenas estéril, mas com noventa anos de idade concebesse, para Sua glória.

Lembre-se que Isaque significa riso. Quando Deus lhe manifestar Seu poder e lhe prometer bênçãos impossíveis, não ria de incredulidade, mas o adore, lembrando-se que o mesmo Deus de Sara é o seu Deus!

E quando os médicos, as pessoas ou você mesma duvidarem de um milagre, ao invés de chorar de tristeza, ria de alegria, lembrando-se que a glória de Deus é tremenda e Seu poder, ilimitado!


2) REBECA


O segundo caso é o de Rebeca, esposa de Isaque.

Em Gn 25.19-27, lemos a história desta mulher, também biologicamente incapaz de gerar filhos. Mas, o Senhor ouve a oração de seus servos, e atendeu ao pedido de Isaque, marido de Rebeca. Aparentemente em pouco tempo, Rebeca engravidou, e qual não foi sua surpresa ao ver que a barriga crescia mais do que o comum. Isto porque Deus operou um milagre em dobro! Deu não apenas um, mas dois filhos de uma vez, a uma mulher estéril.

De Rebeca, nasceram os gêmeos Esaú e Jacó.


3) RAQUEL


O terceiro caso é o da pastora Raquel. Em Gênesis 29, lemos que após muito esforço, Jacó conquistou Raquel, porém, ela passava pelo mesmo problema de sua sogra Rebeca, que por sua vez também enfrentou as mesmas dificuldades que sua sogra Sara. Era estéril! E assim como Sara, viu o marido engravidando outras mulheres, porém nada acontecia com ela. Lia, irmã da própria Raquel e também esposa de Jacó, teve vários filhos com seu marido, mas Sara continuava sofrendo com sua infertilidade.

Chegou a um momento tão desesperador que Raquel gritou a Jacó:

- Jacó! Dá-me filhos senão eu morro!

Como nada acontecia, Raquel sugeriu a Jacó que se deitasse com sua serva, Bila, e tivesse filhos com ela. E ele o fez! Após muito tempo o Senhor abriu a madre de Raquel e ela concebeu, dando a luz a José. Algum tempo depois, engravidou novamente, dando à luz Benjamim. Este último filho nasceu com saúde, porém a mãe sofreu a morte pós-parto. Talvez por não ter sido grata a Deus por seu primeiro filho e já ter logo pedido outro. Ou como conseqüência de seu desabafo a Jacó, em Gn 30.1. Ou simplesmente por causas naturais, não conseqüentes de qualquer atitude errada.


4) A MÃE DE SANSÃO


O quarto caso é o da mãe de Sansão. O caso está relatado no livro de Juízes, capítulo 13.

A Bíblia não informa o nome da mãe do valente Sansão, mas apenas nos diz que era a esposa de Manoá, e que era estéril. Certo dia, ela estava sozinha quando o Anjo do Senhor anunciou a ela que teria um filho, e lhe deu três regras para consagração do menino, pois o fruto do seu ventre seria usado por Deus para libertar os israelitas da opressão dos povos dominadores, em especial os filisteus.

Veio ao mundo Sansão, que, educado e criado pela mãe conforme especificações do Anjo, tornou-se o mais forte guerreiro da Bíblia, e sozinho libertou os israelitas das mãos de seus inimigos, na força do Senhor.


5) ANA


O quinto caso é o de Ana, narrado em 1 Samuel 1.

Um homem de Ramataim chamado Elcana tinha duas mulheres. Uma chamada Ana e outra chamada Penina. A segunda tinha filhos normalmente, porém Ana tinha dificuldades, sendo estéril. Em 1 Samuel 1.6, lemos que o próprio Deus havia lhe "cerrado a madre". Elcana amava muito a Ana, e não a desprezava por conta de sua situação. Como outros exemplos anteriores, Ana também era discriminada e zombada por Penina, por sua humilhante condição familiar e social. Seu marido tentava consolá-la, porém a dor era muito grande, e a fazia chorar constantemente, entregando suas forças ao Senhor.

Ana queria tanto ter um filho, que prometeu ao Senhor que se ela engravidasse, dedicaria o fruto do seu ventre ao serviço do Senhor, integralmente, por todos os dias da vida dele. Fez uma promessa em nome do próprio filho, assegurando-se de que ele seria consagrado ao nazireado, não cortando o cabelo nem a barba ao longo de toda a sua vida.

Quando o sumo sacerdote Eli a viu, após uma pequena confusão, entendeu a amargura de Ana e lhe liberou uma palavra, desejando que o Senhor atendesse a sua oração.

Após isso, mesmo sem ter certeza de nada, nem alguma evidência palpável acerca do cumprimento desta palavra, Ana adorou ao Senhor com o marido, e após regressarem para sua casa, Ana rapidamente engravidou, e desta gestação veio ao mundo o pequeno Samuel. Pequeno, hein?! Alguém pode dizer:

- É... Mas de que adianta, se ela deixou o único filho com Eli, para trabalhar no templo?

Acontece que Deus viu a fidelidade de Ana, e para não deixá-la só, ainda deu a ela mais três filhos e duas filhas. (1Sm 2.21)

Quem diria, hein?! Uma mulher estéril ser em tão pouco tempo mãe de seis filhos.


6) ISABEL


O sexto e último testemunho narrado pela Bíblia foi o de Isabel, e encontra-se em Lucas 1.7.

Ali, vemos que Isabel, esposa do sacerdote Zacarias sofria de esterilidade. Vale lembrar que ambos eram pessoas íntegras, justas aos olhos do Senhor, e obedientes em todos os mandamentos de Deus, e mesmo assim passaram por este sofrimento. Além de estéril, Isabel era de idade avançada, como Sara. Mas para Deus, não há impossível!

Zacarias e sua esposa estavam orando por este propósito, e o Senhor os ouviu. Parece que a resposta de Deus a este pedido foi a primeira promessa do Senhor após os 400 anos de silêncio, entre o Antigo e o Novo Testamento. Um mensageiro do Senhor apareceu a Zacarias e lhe prometeu um filho que traria muita alegria aos pais. O filho daria muito prazer a eles e seria um grande homem aos olhos de Deus. Porém, a guisa de Samuel, o anjo deu uma restrição à criança: Não poderia beber jamais vinho nem bebida fermentada. Continuou dizendo que a criança seria cheia do Espírito Santo, e que converteria muitos à vontade de Deus, preparando o povo para a vinda de Jesus Cristo. Que promessa, hein?!

Talvez por ser algo tão grandioso, a fé de Zacarias se abalou um pouco, pois além de tudo isso, ele e sua esposa eram velhos. Porém o anjo Gabriel, incumbido de trazer essa mensagem dos altos céus, o repreendeu por esta incredulidade e como conseqüência, e também como sinal da veracidade da promessa e da aparição, fez com que Zacarias emudecesse, situação que perdurou até o dia do registro da criança. Assim nasceu o pequeno Joãozinho.



Estes são os seis casos narrados na Bíblia sobre pessoas estéreis, e vemos que nos seis casos, o milagre aconteceu.

Vale lembrar que estamos discorrendo sobre nascimentos sobrenaturais, ou seja, sobre situações em que crianças nasceram quando as evidências sugeriam concretizações impossíveis, portanto, quero com muita alegria incluir nesta lista o nascimento mais importante que já houve na história da humanidade: Jesus Cristo. Lembrem-se que Maria engravidou sendo virgem!

Se você acha impossível ter filhos porque seu útero está comprometido, ou porque o sistema reprodutor de seu marido está debilitado, o que dizer de uma mulher que engravidou sem sequer ter relações sexuais com homem algum! Hoje a ciência possibilita isso, mas há 2 mil anos atrás, este fato era a realização de mais um milagre.



Embasado nestas sete histórias, e nos inúmeros casos que são testemunhados em nossos dias, extrai algumas conclusões que desejo compartilhar com vocês:




1) Para Deus, nada é impossível!

2) As coisas que para nós são meio difíceis, muito difíceis ou extremamente impossíveis são para ele igualmente fáceis. Repare que em alguns casos, Deus fez questão de “dificultar” ainda mais a concretização do sonho, para mostrar a seus filhos que para Ele, tudo é possível, e que Ele não precisa de intervenções humanas, nem se vale de seus diagnósticos.

3) Deus mostrou que além de fazer um milagre, pode fazer algo ainda mais grandioso. Rebeca tinha dificuldades em ter um filho, e Deus lhe concedeu seu maior desejo em dose dupla. Deu-lhe logo dois filhos.

4) Se você está passando por esta dificuldade, procure ser grata (o) a Deus por tudo. Não ligue para as confrontações da Ciência, nem para as palavras de desânimo que cruzarem seu caminho. Olhe para cima e lembre-se que é lá de cima que virá seu socorro.

5) Espero que você tenha reparado quais foram as crianças que nasceram destas mulheres. Ouso dizer que foram algumas das pessoas mais importantes da história das Escrituras. Nada menos que Isaque, Jacó, José, Sansão, Samuel, João Batista e o próprio Jesus. Dizem que quanto maior a nossa luta, maior a nossa vitória. Creio que o seu esforço e confiança no Senhor serão recompensados por uma criança ricamente abençoada por Deus.

6) A Palavra nos diz que devemos viver pela fé, então assim como Ana, consagre seu futuro filho ao Senhor, mesmo antes de qualquer evidência de sua vinda. Ana era estéril, não tinha nenhum sinal de que engravidaria, mas pela fé já consagrou seu futuro filho ao Senhor.



Espere no Senhor, e lembre-se que:



  • Desde a antiguidade, nunca existiu um Deus como o nosso, que trabalha em nosso favor quando esperamos n’Ele.

  • Devemos ter esperança, sempre lembrando que a esperança só é esperança quando não estamos vendo nada, ou seja, precisamos ter esperança naquilo que não estamos vendo.

  • Deus traz à existência as coisas que não existem. As coisas que não vemos. As coisas impossíveis.

  • Para Deus, não há nada impossível.

  • A Fé é a certeza das coisas que não vemos, e a convicção do recebimento daquilo que esperamos.

  • Tudo o que pedirmos a Deus, sendo em Seu nome, de acordo com Sua vontade e com fé, nos será dado.

  • Quando algum homem disser que não é possível, um médico disser que não vai acontecer, e alguém disser para desistirmos, vamos ficar com a palavra de Deus! Só ela é infalível!

Que Deus te abençoe!



E.F.